domingo, 30 de junho de 2013

Ansiedade - Franklin Furtado e Fábio Medeiros


Esta ansiedade que nos enche o peito. A
Enche o céu, enche o mar, fecunda a terra.  B
Ela os germens puríssimos encerra. B
Do sentimento límpido, perfeito. A

Em jorros cristalinos o direito,  A
A paz vencendo as convulsões da guerra, B
A liberdade que abre as asas e erra  B
Pelos caminhos do Infinito eleito. A

Tudo na mesma ansiedade gira,  C
Rola no Espaço, dentre a luz suspira C
E chora, chora, amargamente chora... B.

Tudo nos turbilhões da Imensidade  D
Se confunde na trágica ansiedade D
Que almas, estrelas, amplidões devora. B

INTERPRETAÇÃO

O poema se refere á ansiedade, um sentimento do ser humano que muitas vezes nos confunde e está presente em tudo no nosso cotidiano ,Podendo ter seus pontos negativos e positivos

CARACTERISTICAS SIMBOLISTICAS

O poema é marcado pela musicalidade (uso constante de aliteração), pelo individualismo, às vezes pelo desespero, às vezes pelo apaziguamento, além de uma obsessão pela cor branca é certo que se encontram inúmeras referências à cor branca, assim como à transparência, à translucidez, à nebulosidade e aos brilhos, e a muitas outras cores, todas sempre presentes em seus versos.

Vocabulário

Puríssimos: plural de puro.
Jorros: Grande jato; saída impetuosa de um líquido; fluxo, fluência: o jorro do petróleo.
Germens: O verbete de germens ainda não possui nenhuma definição. Seja o primeiro a definir germens.

Alunos: Franklin Furtado e Fábio Medeiros
Turma: 305

sábado, 29 de junho de 2013

Voz Fugitiva (últimos sonetos)

Kimberly Missirrê Hoffmeister 310


Ás/ ve/zes/ na tu/'al/ma/, que/ a/dor/me/ce (A)

Tan/to/ e tão/ fun/do/, al/gu/ma/ voz es/cu/to (B)

De tim/bre/ e/mo/cio/nal/, cla/ro, im/po/lu/to(B)

Que u/ma/ voz/ bem a/mi/ga/ me/ pa/re/ce. (A)
       

E fico mudo a ouvi-a, como a prece (A)
De um meigo coração que está de luto(B)
E livre, já, de todo o mal corrupto,(B)
Mesmo as afrontas mais cruéis esquece.(A)


Mas outras vezes, sempre em vão, procuro (C)
       
Dessa voz singular o timbre puro, (C)
As essências do céu maravilhosas.(D)


Procuro ansioso, inquieto, alvoroçado,(E)
Mas tudo na tu' alma está calado,(E)
No silencio fatal das nebulosas.(D)


Vocabulário 


fugitivo adj. Que foge ou fugiu. = DESERTORTransitório, Rápido.Fugaz. Indeciso, Que apenas se entrevê.s. m. Indivíduo que foge.

timbre s. m. [Heráldica]  Insígnia que se põe sobre um escudo de armas para marcar os graus de nobreza.[Por extensão]  Divisa; sinal; cifra ou iniciais com que se marca papel ou sobrescritos. [Figurado]  Honra, gala, capricho. Qualidade sonora de instrumento ou voz.fazer timbre de: gloriar-se de.

impoluto adj. Não poluído, Imaculado, puro, Ilibado.


afronta s. f  Expressão ou acção injuriosa ou de desprezo (com que se ofende cara a cara). Ultraje,Vergonha,Labéu, Fadiga, sufocação, quebrantamento.

alvoroçadoadj. Inquieto de ânimo, Sobressaltado, entusiasmado, [Brasil]  Adoidado, amalucado.

nebulosa |ó| s. f.Reflexo esbranquiçado de um numeroso agrupamento de estrelas distantes.


essência s. f. O que constitui o ser e a natureza das coisas, Qualidade predominante ou virtual de (plantas e drogas). O que há de mais puro e subtil (nos corpos), Ser; existência, Óleo essencial ou volátil. Carácter distintivo, Ideia principal.





Figuras de linguagem 


           Ás vezes na tu'alma, que adormece:   (paronomásia)
          Tanto e tão fundo, alguma voz escuto   

Que uma voz bem amiga me parece.
       

E fico mudo a ouvi-a, como a prece
De um meigo coração que está de luto: (metáfora)
E livre, já, de todo o mal corrupto,
Mesmo as afrontas mais cruéis esquece.


Mas outras vezes, sempre em vão, procuro : (Aliteração)
       
Dessa voz singular o timbre puro
As essências do céu maravilhosas.

Procuro ansioso, inquieto, alvoroçado,: (gradação)
Mas tudo na tu' alma está calado,
No silencio fatal das nebulosas. : (prosopopeia ou personificação)


Características Simbolísticas 

Misticismo e espiritualismo: " Ás vezes na tu'alma, que adormece" 

Falta de clareza :"Tanto e tão fundo, alguma voz escuto ""De timbre emocional, claro, impoluto"" sempre em vão, procuro ""Dessa voz singular o timbre puro"

Enfoque espiritualista da mulher envolvendo-a em um clima de sonho:"E fico mudo a ouvi-a, como a prece"



Interpretação 


Ao fim do  trabalho, após analisar o poema "Voz Fugitiva"", de Cruz e Sousa, fica evidente o quanto o poeta foi de grande expressividade e de muita importância ao Movimento Simbolista Brasileiro. Em primeiro lugar, ressalta  todas as suas composições uma elevação de alma, uma nobreza de sentimentos, uma delicadeza de afetos, uma dignidade de caráter.a segunda é a sinceridade do poeta (...)  Inspirados pelo infinito cenário do mundo exterior, pelos atritos da sociedade, ou pelas dores infinitas do seu coração, os seus versos são  espontâneos e sinceros.O poeta assume um lugar "médium", ponte entre a realidade visível e a invisível para nós. Algo não exterior do poeta, algo que ele carrega em sua pele, em seu sangue. Mostra bem o desespero e a dor.



ALMAS INDECISAS
Cruz e Sousa
Nome: Elisson de Oliveira & Pietro Deotti                                                 Turma:311

al/mas/ an/cio/sas,/ trê/mu/las,/ in/qui/etas,(a)
fu/gi/ti/vas/ a/be/lhas/ de/li/ca/das(b)
das/ col/méi/as/ de/ luz/  das/ al/vo/ra/das(b)
al/mas/ de/ me/lan/có/li/cos/ po/e/tas.(a)

Que dor fatal e que emoções secretas (a)
Vos tornam sempre assim desconsoladas,(b)
Na pungência de todas as espadas,(b)
Na dolência de todos os ascetas?!(a)

nessa esfera em que andais, sempre indecisas(s)(c)
que tormento cruel vos Nirvaniza.(c)
que agonias titânicas são essas?(a)

por que não vindes, almas imprevistas,(c)
para a missão das límpidas conquistas(c)
e da augustas, imortais promessas?!(a)
figuras de linguagem:
- “que agonias titânicas são essas?”- hipérbole
- “e da augustas, imortais promessas?!”-hipérbole
- “nessa esfera em que andais, sempre indecisas(s)”- antonomásia
Vocabulário:
- pungência : dolorosa
 - ascetas : pessoas que se entregam a praticas espirituais
- Dolência : sofrimento
Características  simbolistas:
1ª Estrofe:
- Almas anciosas ; almas de melancólicos poetas- Morte
- Das colmeias de luz das alvoradas- Branco
2ª Estrofe :
- que dor fatal e que emoções secretas- Morte
-Na dolência de todos os ascetas?!- Religiosidade
3ª Estrofe:
-Nessa esfera em que andais, sempre indecisa(s)- Loucura
4ª Estrofe:
-Por que não vindes almas, Almas imprevistas; para a missão das límpidas Conquistas - Maiúscula Alegorizante.
Interpretação:


   Nessa poema Cruz e Sousa, relata a dor e o sofrimento que outro grandes poetas tiveram diante dos fatos ocorridos na época.

obs: o trabalho foi salvo neste blog por engano segue o link.


Êxtase Búdico (Cruz e Souza - Últimos sonetos)


A/bre/-me/ os/ bra/ços,/ So/li/dão/ pro/fun/da, A
Re/vê/rên/cia/ do/ céu,/ so/le/ni/da/de B
Dos/ as/tros,/ te/ne/bro/sas/ ma/jês/ta/de, B
Ó/ pla/ne/ta/ria/ co/mu/nhão/ fe/cun/da! A

Óleo da noite, sacrossanto, inunda A
Todo o meu ser, dá-me essa castidade, B
As azuis florescências da saudade, B
Graça das graças imortais oriunda! A

As estrelas cativas no teu seio C
Dão-me um tocante e fugitivo em Leio, C
Embalam-me na luz consoladora! D

Abre-me os braços, Solidão radiante, B
Funda, fenomenal e soluçante, B
Larga e búdica noite redentora! D


Vocabulário

Sacrossanto: (latim sacrosanctus)
1. Muito santo, duas vezes santo.
2. Inviolável

Tenebrosas: Cheio ou coberto de trevas 
Fecunda: Fértil 
Inunda: Ser tomado por algo, algum sentimento estar cheio dele

Búdica: (Buda + ico)
1. Relativo a Buda ou ao budismo (ex.. doutrina búdica)
2. Plácido, tranquilo

Oriunda: Proveniente; originário; procedente; natural.

Figuras de linguagem


Metáfora: ’Reverência do céu, solenidade’’
‘’ luz consoladora’’
‘’Ó planetária comunhão fecunda!’’
Prosopopéia: ’Abre-me os braços, Solidão profunda”
“Abre-me os braços, Solidão radiante”

Hipérbole: ’Óleo da noite, sacrossanto, inunda’’


Características  Simbolistas

Branco: ‘’luz consoladora’’
Noite, noturno:’Larga e búdica Noite redentora!’’
Religiosidade:
 ‘’Óleo da noite,sacrossanto,inunda’’
‘’Todo o meu ser,dá-me essa castidade’’
 ‘’Reverência do céu,solenidade’’

Maiúscula alegorizantes:
“Redentora”
“Graça “
‘’Noite’’
“Redentora”

Misticismo:’Graças das Graças imortais oriunda’’



Interpretação: É um contato com a solidão em uma triste noite, onde o idolatra com fortes e tocantes palavras, transmite tristeza e precisa-se de consolo. Usa muito a espiritualidade no poema.

WELLITON E LUCAS  305





Consolo Amargo (Cruz e Sousa - Últimos sonetos) - Aline Salloum e Laurieti Delgado - Turma: 310

Mor/tos/ e /mor/tos, tu/do/ vai /pas/san/do,(A)
Tu/do/ pe/los/ a/bis/mos/ se /su/min/do...(B)
En/quan/to/ so/bre/ a /Ter/ra fi/cam rin/do(B)
Uns/, e /já/ ou/tros, pá/li/dos, /cho/ran/do...(A)

Todos vão trêmulos finalizando,(A)
Para os gelados túmulos partindo,(B)
Descendo ao tremedal eterno, infindo, (B)
Mortos e mortos, num sinistro bando. (A)
 
Tudo passa espectral e doloroso, (C)
Pulverulentamente nebuloso (C)
Como num sonho, num fatal letargo... (D)
 
Mas, de quem chora os mortos, entretanto, (E)
O Esquecimento vem e enxuga o pranto, (E)
E é esse apenas o consolo amargo! (D)
 
Vocabulário
 
Tremedal: 1. Terreno alagadiço. = BREJO, LAMAÇAL, LAMEIR 2. [Figurado]  Abismo de vício, de infâmia. adj. 2 g. 3. Que faz tremer.
Espectral: 1. Que tem o carácter de um espectro, dum fantasma. 2. Relativo ao espectro solar.
Pulverulentamente: 1. Que se reduz a pó. 2. Que se apresenta em estado de pó fino: medicamento pulverulento. Coberto de poeira: estradas pulverulentas.
Letargo:1.Letargia. 2. [Por extensão] Sonolência, modorra. 3. [Figurado] Indolência. 4. Olvido, esquecimento.

Disponível em: http://www.priberam.pt/

Características simbolistas

Morte
“Mortos e mortos, tudo vai passando,“ (1° verso)
“Para os gelados túmulos partindo” (6° verso)
“Mortos e mortos, num sinistro bando” (7° verso)
“Mas, de quem chora os mortos, entretanto,” (12° verso)

Branco
“Como num sonho, num fatal letargo.” (11° verso)
“Pulverulentamente nebuloso“ (10° verso)

Maiúsculos Alegorizantes

“Terra” (3° verso)
“Esquecimento” (13° verso)

Figuras de Linguagem

Eufemismo
“Para os gelados túmulos partindo” – forma delicada de dizer que ele morreu.
 
Paradoxo
“Descendo ao tremedal eterno, infindo”

Sinestesia 
"Enquanto sobre a Terra ficam rindo"
“Para os gelados túmulos partindo”
“Tudo passa espectral e doloroso”
“O Esquecimento vem e enxuga o pranto”
“Consolo amargo!”

Metáfora
“Descendo ao tremedal eterno, infindo,”
'Como num sonho, num fatal letargo”

Interpretação

O poema consolo amargo representa a morte. Diz que enquanto pessoas morrem, umas ficam na terra felizes e outros sofrendo, mas que no fim, todos morrem. Que a vida é como um fantasma e ao mesmo tempo como um sonho. Mas que com o tempo, aqueles que ficaram tristes pela morte, esquecem o seu sofrimento.

Pacto das Almas - Para Sempre! - Cruz e Souza

Ah! pa/ra sem/pre! pa/ra sem/pre! A/gora (A)
Não nos se/pa/ra/re/mos nem um dia... (B)
Nun/ca mais, nun/ca mais, nes/ta har/mo/ni/a (B)
Das nos/sas al/mas de di/vi/na au/ro/ra. (A)

A voz do céu pode vibrar sonora (C)
Ou do Inferno a sinistra sinfonia, (D)
Que num fundo de astral melancolia (D)
Minh'alma com a tu'alma goza e chora. (C)

Para sempre está feito o augusto pacto! (E)
Cegos serenos do celeste tacto, (E)
Do Sonho envoltas na estrelada rede. (F)

E perdidas, perdidas no Infinito (G)
As nossas almas, no Clarão bendito, (G)
Hão de enfim saciar toda esta sede... (F)

Vocabulário:

Aurora: Período antes de nascer o sol; princípio, origem. Verbo

Melancolia: É um estado psíquico de depressão com ou sem causa específica. Adj.

Tacto: Com a nova reforma ortográfica, perde-se o "c". Tato. Aquilo que se ver sem os olhos. Temos tato ao tocar, ao sentir calor ou frio. Substantivo

Celeste: Palavra relacionada ao céu. Exemplo: anjo Celeste. Adj.

Bendito: O que é abençoado. Adj.


Figuras de Linguagem:

Prosopopéia: "A voz do céu pode vibrar sonora", "Minh'alma com a tu'alma goza e chora", "Do Sonho envoltas na estrelada rede."

Hipérbole: "Que num fundo de astral melancolia "

Elípse: " E perdidas, perdidas no Infinito"

Sinestesia: " Hão de enfim saciar toda a esta sede..."

Características Simbolistas:

Religiosidade: 1ºverso/1ª estrofe "Das nossas almas de divina aurora", 4ºverso/2ªestrofe "Minh'alma com a tu'alma goza e chora, "2ºverso/4ªestrofe "As nossas almas[...]"

Subjetivismo: 2ºverso/4ªestrofe  "Clarão bendito"


Intepretação: O poema trata de um laço formado entre duas pessoas, jurando eterna convivência. A religiosidade e qualidades aplicadas aos seres abstratos caracterizam essa poesia simbolista.
























sexta-feira, 28 de junho de 2013

ANSIEDADE (Ultimos Sonetos - Cruz e Sousa) alunos: Renata Souza e Leonardo Covre; turma: 310



  Ansiedade


Es/ ta/ na/ si/ e/ da/ de que nos /em /che o  pe /i /to (A)
Em /che o cé /u, em /che o mar, Fe /cun /da a te /rra.  (B)
Ela os ger/ mens pu/rí /ssi/ mos em/ ce /rra (B)
Do /Sem /ti /men /to lím/ pi /do, per/ Fe/ i/ to. (A)

Em jorros cristalinos o direito, (A)
A paz vencendo as convulsões da guerra, (B)
A liberdade que abre as asas e erra (B)
Pelos caminhos do Infinito eleito. (A)

Tudo na mesma ansiedade gira, (C)
Rola no Espaço, dentre a luz suspira (C)
E chora, chora, amargamente chora... (E)

Tudo nos turbilhões da Imensidade (D)
Se confunde na trágica ansiedade (D)
Que almas, estrelas, amplidões devora. (E)


Vocabulário  

Peito – SM Parte do tronco, entre o pescoço e o abdome, que contém os pulmões e o coração. / Seio da mulher. / Pulmões: doença do peito. / Parte que contém as costelas com a carne que as envolve: peito de peru. / Fig. Ânimo, valor, coragem. // Tomar a peito, empenhar-se. // Do peito, do íntimo da alma. // A peito, com decisão. // Bater nos peitos, arrepender-se. //

Jorros - SM Grande jato; saída impetuosa de um líquido; fluxo, fluência: o jorro do petróleo./ 1 impulso, jato./ 2 Arremesso impetuoso e violento.//


Germens – SM Germe./ [PL.: germens e germens.]/ D. Separação das sílabas de germens: ger-mens


Amplidões -             S.F. Qualidade daquilo que é amplo: a amplidão do mar.
Grandeza, extensão, alcance, importância: amplidão dos acontecimentos.
Amplitude. // SM amplitude, âmbito, céu, comprido, espaço, extensão, firmamento, grandeza, largueza e vastidão./

Fecunda – 3ª pess. sing. pres. ind. de fecundar./ 2ª press. Sing. imp. De fecundar,
Fem. sing. de fecundo

Fecundar - Conjugar
V tr.
Tornar fecundo.
Comunicar o gérmen da reprodução a; / /Fertilizar./ / Tornar produtivo./ / Desenvolver. Fomentar.

V int.
Tornar-se fecundo/ / Conceber, gerar.
Fecundo
Adj.
Que tem em si a força de produzir muito./ /Que não é estéril./ /Que desperta ou desenvolve a faculdade de produzir./ /Que produz muito./ /Que dispõe de artifícios, de recursos; rico; inventivo. //Abundante.


Disponível em: <http://www.priberam.pt/>

Figuras linguagens

Assonância
                   
 Ansiedade
Esta ansiedade que nos enche o peito Enche o céu, enche o mar, fecunda a terra. Ela os germens puríssimos encerra
Do Sentimento límpido, perfeito.

Em jorros cristalinos o direito, A paz vencendo as convulsões da guerra, A liberdade que abre as asas e erra
Pelos caminhos do Infinito eleito.

Tudo na mesma ansiedade gira,
Rola no Espaço, dentre a luz suspira
E chora, chora, amargamente chora...
Tudo nos turbilhões da Imensidade
Se confunde na trágica ansiedade
Que almas, estrelas, amplidões devora.

Aliterações

Ansiedade
Esta ansiedade que nos enche o peito Enche o céu, enche o mar, fecunda a terra.
Ela os germens puríssimos encerra
Do Sentimento límpido, perfeito.

Em jorros cristalinos o direito,
A paz vencendo as convulsões da guerra,
A liberdade que abre as asas e erra
Pelos caminhos do Infinito eleito.

Tudo na mesma ansiedade gira,
Rola no Espaço, dentre a luz suspira
E chora, chora, amargamente chora...

Tudo nos turbilhões da Imensidade
Se confunde na trágica ansiedade
Que almas, estrelas, amplidões devora.


Metáforas

 Ansiedade


‘Enche o céu, enche o mar, fecunda a terra’.
A paz vencendo as convulsões da guerra’,
‘A liberdade que abre as asas e erra’
‘Tudo nos turbilhões da Imensidade’

‘Que almas, estrelas, amplidões devora’.


Antítese
Enche o céu, enche o mar, fecunda a terra.
Que almas, estrelas, amplidões devora.

Personificação

“Tudo nos turbilhões da Imensidade”= O que arrasta ou envolve desordenada e impetuosamente: o turbilhão dos negócios.

Características simbolistas

1º  verso Enche o céu, enche o mar, fecunda a terra. Branco


2º verso A paz vencendo as convulsões da guerra- Religiosidade

4º verso Se confunde na trágica ansiedade- Loucura

Interpretação

 O soneto “Ansiedade” é caracteriza por tudo gira em torno da ansiedade, que é devastado por todos os lugares, que é levado para todos eles, se esta dentro de você mesmo, e vai até o infinito. No turbilhão da imensidade, na trágica ansiedade de puro sentimento que nos enche o peito de ansiedade.

CONDENAÇÃO FATAL – (Cruz e Sousa – Últimos sonetos) | Ana A. e Kamila - 311


Ó/ mun/do/, que és/ o e/xí/li/o/ dos/ exí/lios, (A)
um/ mon/tu/ro/ de/ fe/zes/ pu/tre/fa/to, (B)
on/de o/ ser/ mais/ gen/til/, mais/ ti/mo/ra/to (B)
dos/ se/res/ vis/ cir/cu/la/ nos/ con/cí/lios; (A)

On/de/ de al/mas/ em/ pá/li/dos/ i/dí/lios (A)
o/ lân/gui/do/ per/fu/me/ mais/ in/gra/to (B)
ma/go/a/ tu/do e é/ tris/te/ co/mo o/ ta/to (B)
de um/ ce/go em/bal/de/ le/van/tan/do os/ cí/lios; (A)

Mun/do/ de/ pes/te/, de/ san/gren/ta/ fú/ria (C)
e/ de/ flo/res/ le/pro/sas/ da/ lu/xú/ria, (C)
de/ flo/res/ ne/gras/, in/fer/nais/, me/do/nhas; (D)

Oh!/ co/mo/ são/ si/nis/tra/men/te/ fe/ios (E)
teus/ as/pec/tos/ de/ fe/ra, os/ teus/ me/ne/ios (E)
pan/té/ri/cos/, ó/ Mun/do/, que/ não/ so/nhas! (D)


Vocabulário

exílio - s.m. Expulsão de alguém de sua pátria; desterro, degredo, expatriação. / Fig. Solidão, lugar triste, sem alegrias. / Religião Fig. A vida terrena, em oposição ao céu.
monturo - s.m. Grande quantidade de lixo, de imundícies, de esterco. / Lugar onde são jogadas essas dejeções. / Fig. Montão, acervo de coisas repugnantes.
putrefato - adj. Que se acha em putrefação; podre.
timorato - adj. Que não assume atitudes por medo ou excesso de escrúpulos; tímido; medroso.
idílio - s.m. Tipo de poema campestre que se desenvolveu entre os antigos gregos. (Sin.: écloga, pastoral.) / Fig. Sonho, fantasia, devaneio.
lânguido - adj. Abatido, debilitado, langoroso: criança lânguida. Voluptuoso. Mórbido. Mole, frouxo.
embalde - adv (em+(de)balde) V debalde.
leprosas - adj. e s.m. Que ou aquele que tem lepra; morfético, hanseniano, lázaro. Fig. Nojento, repulsivo, repugnante; vicioso, vil.
meneios - s.m. Ação de menear; meneamento; movimento do corpo ou de parte dele. Gesto, aceno. Fig. Ardil, astúcia.
pantéricos - Relativo a, ou próprio de pantera.



ANÁLISE DO POEMA CONDENAÇÃO FATAL


Figuras de linguagem

Assonâncias

Ó mundo, que és o exílio dos exílios,
[...]
Onde de almas em pálidos idílios
o lânguido perfume mais ingrato
magoa tudo e é triste como o tato
de um cego embalde levantando os cílios;
Mundo de peste, de sangrenta fúria
e de flores leprosas da luxúria,
de flores negras, infernais, medonhas;

Aliterações

[...] dos seres vis circula nos concílios;
Ondde almas em pálidos idílios
[...] de um cego embalde levantando os cílios;
Mundo de peste, de sangrenta fúria
e de flores leprosas da luxúria,
de flores negras, infernais, medonhas;
Oh! como são sinistramente feios                                               
teus aspectos de fera, os teus meneios
pantéricos, ó Mundo, que não sonhas!

Metáfora: emprego de palavras fora do seu sentido normal, por analogia. É um tipo de comparação implícita, sem termo comparativo.

“[...] Ó mundo, que és o exílio dos exílios,
Um monturo de fezes putrefato, [...]”

Hipérbole: exagero de uma ideia com finalidade expressiva.

“[...] Mundo de peste, de sangrenta fúria [...]”

Sinestesia: interpretação sensorial, fundindo-se dois sentidos ou mais (olfato, visão, audição, gustação e tato).

“[...] o lânguido perfume mais ingrato
magoa tudo e é triste como o tato
de um cego embalde levantando os cílios; [...]”

Apóstrofe: consiste em interromper a narração para dirigir a palavra a pessoas ausentes ou ao leitor. Sintaticamente, a apóstrofe exerce a função de vocativo dentro de uma sentença.

“Ó mundo, que és o exílio dos exílios, [...]”
“[...] pantéricos, ó Mundo, que não sonhas! [...]”

Ironia: utilização de termo com sentido oposto ao original, obtendo-se, assim, valor irônico.

“[...] onde o ser mais gentil, mais timorato
dos seres vis circula nos concílios; [...]”

Prosopopeia, personificação: é a atribuição de qualidades e sentimentos humanos a seres irracionais e inanimados.

“[...] e de flores leprosas da luxúria,
de flores negras, infernais, medonhas; [...]”


Características simbolistas

Loucura: durante todo o poema existe o constante desespero e desprezo do eu lírico em relação as coisas do mundo, relata a solidão (exílio), o abatimento (lânguido), a mágoa, as pessoas inúteis (vis), a tristeza e também a fúria. Tudo isso remete a uma possível depressão, talvez uma raiva liberada por atos que ele sofreu, e agora ele culpa o mundo por isso. Esse conjunto de interpretações sugere, seja depressão, seja raiva, seja ambos, um tipo de loucura.
 
Branco: "pálidos idílios".

Maiúscula alegorizante: Palavra "Mundo", no último verso.

Religiosidade: primeiramente na palavra “concílios” e depois está presente como forma de satanismo, em "infernais".
 
Negro: “flores negras, infernais, medonhas".

Interpretação


Pode-se entender que o autor enoja o mundo e tudo que está nele, pois existe somente tristeza, solidão e mágoa. Tudo que há de bom se torna ruim num mundo podre, com pessoas inúteis (vis) e abatidas. Até mesmo flores, que por natureza são delicadas, viram "negras, infernais, medonhas". Como o próprio título sugere o “mundo” se torna uma condenação inevitável, mesmo que optássemos por não viver desta forma, não haveria opção.

Alunas: Ana Paula Adriano e Kamila Vieira
Turma: 311