segunda-feira, 19 de agosto de 2013

VIDA OBSCURA

Nin/guém / sen/tiu / o / teu es/pás/mo o/bs/cu/ro,     (A)
ó / ser / hu/mil/de en/tre os / hu/mil/des / se/res.       (B)
Em/bri/a/ga/do, / ton/to / dos / pra/ze/res,                (B)
o / mun/do / pa/ra / ti / foi / ne/gro e / du/ro.            (A)

Atravessaste no silêncio escuro                               (A)
a vida presa a trágicos deveres                                (B)
e chegaste ao saber de altos saberes                        (B)
tornando-te mais simples e mais puro.                      (A)

Ninguém te viu o sentimento inquieto,                                 (C)
magoado, oculto e aterrador, secreto,                                 (C)
que o coração te apunhalou no mundo.                                              (D)

Mas eu que sempre te segui os passos                                               (E)
sei que cruz infernal prendeu-te os braços,                       (E)
e o teu suspiro como foi profundo!                                       (D)

VOCABULÁRIO:
·         Espasmo : 1. Contração involuntária e convulsiva dos músculos (particularmente dos que não obedecem à vontade). 2. [Figurado]  Êxtase
·         Obscuro : 1. Não claro, sombrio, quase escuro.

ANALIZE DO SONETO:

FIGURAS DE LINGUAGEM:
·         PLEONASMO –“ e chegaste ao saber de altos saberes
·         ELIPSE –“ Ninguém te viu o sentimento inquieto, magoado, oculto e aterrador, secreto”
·         HIPÉRBATO –“ Mas eu que sempre te segui os passos”
·         PERÍFRASE –“ Atravessaste no silêncio escuro
·         EUFEMISMO –“ e o teu suspiro como foi profundo!”
·         PROSOPOPÉIA –“ que o coração te apunhalou no mundo.”

CARACTERÍSTICAS SIMBOLITAS:
·         SINESTESIA – Os poetas, tentando ir além dos significados usuais das palavras, terminam atribuindo qualidade às sensações. As construções parecem absurdas e só ganham sentido dentro de um contexto poético.
·         MORTE –“ e o teu suspiro como foi profundo!”
·         NEGRO –“Atravessaste no silêncio escuro”

INTERPRETAÇÃO:
Neste soneto, podemos perceber a dor humana sofrida por alguém. Na primeira estrofe, o eu - lírico fala como um ser. No 2° verso da 1ª estrofe, esse ser a quem se refere parece ser Jesus Cristo: “ó ser humilde entre os humildes seres”. A vida desse ser é colocada em evidência pelas dores sentidas e não sentidas por ninguém (como mostra o primeiro verso), em um mundo sombrio e severo, descrito no último verso dessa estrofe.
Na segunda estrofe, o poeta continuar a falar desse ser com quem fala e expõe a sua libertação após sua passagem na terra, como mostra os dois primeiros versos. Essa libertação é percebida nos dois últimos versos, em que o ser atravessa a dor para chegar ao mais alto dos saberes, tornando-se sublime e puro pela sua simplicidade.
Na terceira estrofe, o poeta volta a falar de um sentimento oculto, que incomoda magoa. Aqui, percebe-se a presença da traição, que ao tomar conta do coração, apunhalou o mesmo, no auge de sua crucificação, como podemos observar na quarta estrofe.

Nessa última estrofe, o eu - lírico se solidariza e entende esse sofrimento, passando a segui-lo devido a representação que tem para si.

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