VIDA OBSCURA
Nin/guém / sen/tiu / o / teu es/pás/mo o/bs/cu/ro, (A)
ó / ser / hu/mil/de en/tre os / hu/mil/des / se/res. (B)
Em/bri/a/ga/do, / ton/to / dos / pra/ze/res, (B)
o / mun/do / pa/ra / ti / foi / ne/gro e / du/ro. (A)
Atravessaste no silêncio escuro (A)
a vida presa a trágicos deveres (B)
e chegaste ao saber de altos saberes (B)
tornando-te mais simples e mais puro. (A)
Ninguém te viu o sentimento inquieto, (C)
magoado, oculto e aterrador, secreto, (C)
que o coração te apunhalou no mundo. (D)
Mas eu que sempre te segui os passos (E)
sei que cruz infernal prendeu-te os braços, (E)
e o teu suspiro como foi profundo! (D)
VOCABULÁRIO:
·
Espasmo : 1. Contração involuntária e convulsiva
dos músculos (particularmente dos que não obedecem à vontade). 2.
[Figurado] Êxtase
·
Obscuro : 1. Não claro, sombrio, quase escuro.
ANALIZE DO SONETO:
FIGURAS DE LINGUAGEM:
·
PLEONASMO –“ e chegaste ao saber de altos saberes”
·
ELIPSE –“ Ninguém te viu o sentimento inquieto, magoado,
oculto e aterrador, secreto”
·
HIPÉRBATO –“ Mas eu que sempre te segui os passos”
·
PERÍFRASE –“ Atravessaste no silêncio escuro”
·
EUFEMISMO –“ e o teu suspiro como foi profundo!”
·
PROSOPOPÉIA –“ que o coração te apunhalou no
mundo.”
CARACTERÍSTICAS SIMBOLITAS:
·
SINESTESIA – Os poetas, tentando ir além dos
significados usuais das palavras, terminam atribuindo qualidade às sensações.
As construções parecem absurdas e só ganham sentido dentro de um contexto
poético.
·
MORTE –“ e o teu suspiro como foi profundo!”
·
NEGRO –“Atravessaste no silêncio escuro”
INTERPRETAÇÃO:
Neste soneto, podemos perceber
a dor humana sofrida por alguém. Na primeira estrofe, o eu - lírico fala como
um ser. No 2° verso da 1ª estrofe, esse ser a quem se refere parece ser Jesus
Cristo: “ó ser humilde entre os humildes seres”. A vida desse ser é colocada em
evidência pelas dores sentidas e não sentidas por ninguém (como mostra o
primeiro verso), em um mundo sombrio e severo, descrito no último verso dessa
estrofe.
Na segunda estrofe, o poeta
continuar a falar desse ser com quem fala e expõe a sua libertação após sua
passagem na terra, como mostra os dois primeiros versos. Essa libertação é
percebida nos dois últimos versos, em que o ser atravessa a dor para chegar ao
mais alto dos saberes, tornando-se sublime e puro pela sua simplicidade.
Na terceira estrofe, o poeta
volta a falar de um sentimento oculto, que incomoda magoa. Aqui, percebe-se a
presença da traição, que ao tomar conta do coração, apunhalou o mesmo, no auge de
sua crucificação, como podemos observar na quarta estrofe.
Nessa última estrofe, o eu -
lírico se solidariza e entende esse sofrimento, passando a segui-lo devido a
representação que tem para si.
AUTORA: Bárbara Serafim
ResponderExcluirTurma: 305
ANALIZE - cuidado!!
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