SILÊNCIOS - (Cruz e Sousa - Últimos sonetos)

Alunas: Aline Marquez e Carolina Araújo - 305

SILÊNCIOS - (Cruz e Sousa – Últimos sonetos)

Lar/gos Si/lên/ci/os /in/ter/pre/ta/ti/vos, (A)
Ado/ça/dos /por /fun/da /nos/tal/gi/a, (B)
Ba/la/da /de /con/so/lo e /sim/pa/ti/a (B)
Que os sen/ti/men/tos /me/us /tor/na /ca/ti/vos; (A)

Harmonia de doces lenitivos, (A)
Sombra, segredo, lágrima, harmonia (B)
Da alma serena, da alma fugidia (B)

Nos seus vagos espasmos sugestivos. (A)

Ó Silêncios! ó cândidos desmaios, (C)
Vácuos fecundos de celestes raios (C)
De sonhos, no mais límpido cortejo... (D)

Eu vos sinto os mistérios insondáveis, (E)
Como de estranhos anjos inefáveis (E)
O glorioso esplendor de um grande beijo! (D)

Vocabulário

Nostalgia s. f. 1. Tristeza profunda causada por saudades do afastamento da pátria ou da terra natal. 2. Estado melancólico causado pela falta de algo

Lenitivo  adj. 1. Que acalma, que adoça. = LENIENTE s. m. 2. Aquilo que alivia ou conforta. = ALÍVIO, CONSOLAÇÃO, LENIENTE, LENIMENTO 3. Medicamento que mitiga dores. = LENIMENTO 4. Medicamento com propriedades laxativas. =LAXANTE

Fugida s. f. 1. Acto de fugir, fuga. 2. [Figurado]  Escapatória.

Espasmo s. m. 1. Contracção involuntária e convulsiva dos músculos (particularmente dos que não obedecem à vontade). 2. [Figurado]  Êxtase.

Cândido adj. 1. Alvo. 2. [Figurado]  Ingénuo, puro, inocente. s. m. 3. Indivíduo ridiculamente ingénuo.

Fecundo adj. 1. Que tem em si a força de produzir muito. 2. Que não é estéril. 3. Que desperta ou desenvolve a faculdade de produzir. 4. Que produz muito.

5. Que dispõe de artifícios, de recursos; rico; inventivo. 6. Abundante.

Celeste  adj.. 1. Do firmamento ou a ele relativo. 2. Que está no espaço ou nele aparece. 3. Da cor do céu. 4. [Figurado]  Excelente, celestial.
Límpido adj. 1. Nítido. 2. Claro. 3. Transparente. 4. Puro. 5. Sereno. 6. Fresco, sonoro. 7. Sem nuvens (ex.: céu límpido).

Cortejo |â ou ê ou âi|  s. m. 1. Acto de cortejar. 2. Cumprimentos. 3. Comitiva pomposa. 4. Séquito. 5. Acompanhamento. 6. Provisão.

Insondável  adj. 1. Que não pode ser sondado. 2. Inexplicável. 3. Misterioso.

Inefável  adj. 1. Que não se pode exprimir por palavras (ex.: prazer inefável). = INDESCRITÍVEL, INDIZÍVEL 2. [Figurado]  Encantador, delicioso, inebriante (ex.:perfume inefável).
Esplendor |ô| s. m. 1. Fulgor, brilho intenso. 2. [Figurado]  Deslumbramento. 3. Pompa, magnificência. 4. Lustre, fama, glória.

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ANÁLISE DO POEMA SILÊNCIOS

Figuras de Linguagem

Assonâncias

Largos Silêncios interpretativos,
Adoçados por funda nostalgia,
Balada de consolo e simpatia
Que os sentimentos meus torna cativos;

Harmonia de doces lenitivos,
Sombra, segredo, lágrima, harmonia
Da alma serena, da alma fugidia

Nos seus vagos espasmos sugestivos.

Ó Silêncios! ó cândidos desmaios,
Vácuos fecundos de celestes raios
De sonhos, no mais límpido cortejo...

Eu vos sinto os mistérios insondáveis,
Como de estranhos anjos inefáveis
O glorioso esplendor de um grande beijo!

Aliteração

Largos Silêncios interpretativos,
Adoçados por funda nostalgia,
Balada de consolo e simpatia
Que os sentimentos meus torna cativos;

Harmonia de doces lenitivos,
Sombra, segredo, lágrima, harmonia
Da alma serena, da alma fugidia

Nos seus vagos espasmos sugestivos.

Ó Silêncios! ó cândidos desmaios,
Vácuos fecundos de celestes raios
De sonhos, no mais límpido cortejo...

Eu vos sinto os mistérios insondáveis,
Como de estranhos anjos inefáveis
O glorioso esplendor de um grande beijo!

Antítese

“Da alma serena, da alma fugida” (3° verso, segunda estrofe)

Assíndeto

“Sobra, segredo, lágrima, harmonia” (2° verso, segunda estrofe)

Comparação

“Como de estranhos anjos inefáveis” (3° verso, quarta estrofe)

Características Simbolistas

Religiosidade

“Da alma serena, da alma fugida”

“Como de estranhos anjos inefáveis”

Branco

“De sonhos, no mais límpido cortejo”

“Loucura, sugestão e imprecisão”

“Ó Silêncios! Ó cândidos desmaios”

“Eu vos sinto os mistérios insondáveis”

Maiúscula Alegorizante

         Com a finalidade de ampliar a sua significação Cruz e Souza utiliza letra maiúscula em substantivos comuns, como se observa na palavra Silêncios  (1° verso da primeira estrofe, e no primeiro verso da terceira estrofe) aumentando a sua expressividade e dando ênfase a palavra.

Interpretação

            O poeta expressa na obra Silêncios a dimensão ao sentimento, à subjetividade, à imaginação e espiritualidade. Expressando sua própria condição existencial, percebe-se um relativo sofrimento dentro de uma perspectiva transcendente. Dando enfâse ao silêncio como um sentimento nostálgico, interpretativo e misterioso.