Benditas Cadeias! Eduardo S., Marília N. T. 306

Benditas Cadeias!


Quan/do /vou pe/la /Lu/z arre/ba/ta/do,/ (A)
Es/cra/vo /dos ma/is pu/ros /sen/ti/men/tos (B)
Le/vo /se/cre/tos /es/tre/me/ci/men/tos (B)
Co/mo quem en/tra em má/gi/co Noi/va/do. (A)

Cerca-me o mundo mais transfigurado (A)
Nesses sutis e cândidos momentos... (B)
Meus olhos, minha boca vão sedentos (B)
De luz, todo o meu ser iluminado. (A)

Fico feliz por me sentir escravo (A)
De um Encanto maior entre os Encantos, (C)
Livre, na culpa, do mais leve travo. (A)

De ver minh'alma com tais sonhos, tantos, (C)
E que por fim me purifico e lavo (A)
Na água do mais consolador dos prantos (C)

Vocabulário

Arrebatado: adj. Inflamado, entusiasmado, precipitado, extasiado.
Levado com violência.

Transfigurado: adj. Alterado, transformado.
S.m. Mudança, transformação, transtorno (do gesto, feições).

Cândidos: adj. Que tem candura: alma cândida.
Caracterizado pela candura: ar cândido.
Fig. Ingênuo, inocente, puro.

Sutis/sutil: adj.m e adj.f. Característica de fino, delgado, simples.
Que é composto por partes finas, delgadas, tênues.
Figurado.Hábil, talentoso; que tem agudeza de espírito.
Figurado.Que é muito pequeno; que escapa à vista.
Figurado. Inaudível, que não gera barulho; que anda sem ser pressentido; leve, manso.

Análise do poema

figuras de linguagem:





aliteração:

(...)
Escravo dos mais puros sentimentos 
Levo secretos estremecimentos 
(...)

paranomásia:

(...)
De ver minh'alma com tais sonhos, tantos(...)

metáfora:

(...)
como quem entra em mágico noivado(...)

hipérbole: 

(...) 
escravo dos mais puros sentimentos(...)

características simbolistas:

religiosidade: 
 "quando vou pela luz arrebatado" (...)

(...)
 "De luz, todo o meu ser iluminado".(...)

loucura:
(...) 
"como quem entra em magico noivado"(...)

interpretação:
    Sentindo orgulho em ser escravo de, quando morrer, não terá culpas e remorsos dentro de si, pois não tem culpa de ter sido assim e com sua força, acredita em algo melhor.
    Ao ver de Deus, seus atos não são de um pecador, mas os atos de quem o escravizou sim.

Obs: Cruz e Souza não era escravo, contudo, o poema pode ter fundamentos fictícios, ou uma representação da ideia de como o "Cisne Negro" se sentia.