sexta-feira, 28 de junho de 2013

Espírito Imortal (Cruz e Sousa)

Analisado por Bruno S. Walter & Fábia M. Sarmento
Turma : 310

Es /pí /ri /to /imor /tal /que /me /fe /cun /das (A)
2 Com /a /cha /ma /dos /vi /ris /en /tu /si /as /mos, (B)
Que /trans /for /mas /em /glá /dios/os /sar /cas /mos (B)
Pa /ra /pu /nir /as /mul /ti /dões /pro /fun /das! (A)

Ó alma que transbordas, que me inundas (A)
De brilhos, de ecos, de emoções, de pasmos, (B)
E fazes acordar de atros marasmos (B)
Minh' alma, em tédios por charnecas fundas. (A)

9   Força genial e sacrossanta e augusta, (C)
10 Divino Alerta para o Esquecimento, (D)
11 Voz companheira, carinhosa e justa (C)

12 Tens minha Mão, num doce movimento, (D) 
13  Sobre essa Mão angélica e robusta, (C)
14 Espírito imortal do Sentimento. (D)




No poema de Cruz e Sousa, Últimos Sonetos, encontramos o poema escolhido para esta análise, Espírito Imortal.
Este poema é caraterizado pela métrica de um soneto, contendo catorze (14) versos, sendo eles dois quartetos e dois tercetos.
Os versos são decassílabos, dez sílabas poéticas.
As rimas seguem o esquema de ABBA (nos quartetos), CDC (no primeiro terceto) e DCD (no último terceto do soneto)
Poema este que tendo uma forma marcante e um vocabulário bem culto, além de ser simbolista é também parnasiano.
Cruz e Sousa tendo suas fortes características,deixou neste soneto palavras obscuras, tristes, fortes e nebulosas que nos lembram facilmente um abismo profundo e tenebroso, como podemos observar nos versos  4 e  8, esta é uma de suas características, a obsessão pelo nebuloso. Cruz e Sousa ainda neste mesmo soneto nos deixa outra de suas características marcantes que é a religiosidade, pois na interpretação do soneto podemos relacionar que ele esta se referindo à alma do ser humano.
Neste soneto, temos figuras de linguagem como a metáfora, presente em quase todo o poema, mas podemos citar como maior exemplo a primeira estrofe:

"Espírito imortal que me fecundas
Com a chama dos viris entusiasmos
Que transformas em gládios os sarcasmos
Para punir as multidões profundas!"

O espírito que fecunda, que renascer ou faz renascer o novo espirito, que dos sofrimentos, tubulações, zombarias e preconceitos, se torna mais forte, mais frio diante de tais situações.

Também temos mais uma figura de linguagem bem explicita que é a assonância, que consiste em repetir o som das vogais em um verso ou em uma frase, especialmente em sílabas tônicas como podemos observar neste trecho do soneto:

Espírito imortal que me fecundas
 Com a chama dos viris entusiasmos,
Que transformas em gládios os sarcasmos
Para punir as multidões profundas!”

Onde neste exemplo, temos quatro vogais destacadas em cada verso da estrofe, que apresentam assonância como destacado em negrito acima.
Ainda neste contexto, temos também outra figura de linguagem no verso 7 da segunda estrofe :

De brilhos, de ecos, de emoções, de pasmos”

A figura de linguagem que temos aqui é a Polissíndeto, que consistem em repetir conectivos.
No soneto há ainda duas figuras de linguagem que são a sinestesia, pleonasmo, antítese e prosopopeia.
 A sinestesia que consiste em agrupar e reunir sensações originárias de diferentes órgãos do sentido: visão, tato, olfato, paladar e audição; está presente em toda a segunda estrofe:

"Ó alma que transbordas, que me inundas 
  De brilhos, de ecos, de emoções, de pasmos,
  E fazes acordar de atros marasmos
  Minh' alma, em tédios por charnecas fundas. "

A prosopopeia que consiste em atribuir vida e sentimentos humanos às coisas inanimadas e fazer falar a ausentes e mortos; está presente no verso "11" do soneto encontrado na terceira estrofe do soneto: 

" Voz companheira, carinhosa e justa"

O pleonasmo que consiste em repetição da própria palavra ou da ideia contida nela. A palavra pleonasmo tem origem no latim "pleonasmo" e significa redundância.

" Força genial e sacrossanta e augusta,"

A antítese, que é oposição de ideias ou até mesmo palavras opostas como preto e branco, está presente no verso "13" : 

"Sobre essa Mão angélica e robusta,"

Onde angélica é mais delicado e de certa forma robusto é mais compacto.

Interpretando o soneto, podemos observar que Cruz e Sousa esta falando de alguns estados da alma, algumas dores, algumas conquistas, que vão transformando a mesma. Tal alma, fortalece tal sentimento que se torna um espírito imortal que vive dentro de nós.


Vocabulário :

Imortal : que não morre, eterno.
Fecundar : fertilizar, gerar, tomar capaz para a procriação.
Viris : diz-se da idade que vai da adolescência à velhice.
Gládios : força, poder.
Marasmo : fraqueza e magreza excessiva.
Charnecas : estilo árido e monótono.
Sacrossanta : sagrado e santo, inviolável.
Augusta : Digno de respeito, solene, imponente, venerável.
Atro : negro, funesto, escuro.


Um comentário:

  1. No poema de Cruz e Sousa do livro Broquéis, Últimos Sonetos. Afinal qual é o livro?

    Quais são as metáforas? Explique-as.

    Na segunda estrofe há sinestesia.

    Há prosopopeia.

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