quinta-feira, 27 de junho de 2013

Assim Seja (Mariana e Camila, 306)


Fe/cha os/ o/lhos/ e /mo/rre /cal/ma/men/te! (A)
Mo/rre/ se/re/no /do /De/ver /cum/pri/do! (B)
Nem/ o /ma/is le/ve,/ nem/ um/ só /ge/mi/do (B)
Tra/ia/, se/quer,/ o/ teu /Sen/tir /la/ten/te. (A)

Morre com alma leal, clarividente, (A)
Da crença errando no Vergel florido (B)
E o Pensamento pelos céus, brandido (B)
Como um gládio soberbo e refulgente. (A)

Vai abrindo sacrário por sacrário (C)
Do teu sonho no Templo imaginário, (C)
Na hora glacial da negra Morte imensa... (D)

Morre com o teu Dever! Na alta confiança (E)
De quem triunfou e sabe que descansa (E)
Desdenhando de toda a Recompensa! (D)

Cruz e Souza
Últimos sonetos

Vocabulário:
Vergel: Jardim.
Sequer: Ao menos, pelo menos.
Latente: Oculto; não manifestado; dissimulado.
Gládio: Espada de dois gumes; qualquer espada.
Soberbo: Orgulhoso ao extremo; belo; magnifico.
Refulgente: Realçado; brilhante.
Sacrario: Lugar aonde se guarda algo sagrado.
Glacial: Muito frio.
Triunfou: Vencer.
Desdenhando: Sombar; demonstrar falta de consideração.

Figuras de linguagem:
Assonância
(...)
Morre com alma leal, clarividente,
Da crença errando no Vergel florido
E o Pensamento pelos céus, brandido
Como um gládio soberbo e refulgente.

Vai abrindo sacrário por sacrário
Do teu sonho no Templo imaginário,
Na hora glacial da negra Morte imensa...
(...)

Aliteração
(...)
Morre com alma leal, clarividente,
Da crença errando no Vergel florido
E o Pensamento pelos céus, brandido
Como um gládio soberbo e refulgente.
(...)

Presopopéia,
“Morre com a alma leal, clarividente, “ no quinto verso.

Metáfora
"Traia, sequer, o teu Sentir latente", no quarto verso.
"E o Pensamento pelos céus, brandido" no sétimo verso.
"Desdenhando de toda a Recompensa!" no último verso.

Eufemismo 

"De quem triunfou e sabe que descansa" no penúltimo verso.

Sinestesia

"Na hora glacial da negra Morte imensa..." no décimo primeiro verso.


Caracteristicas do simbolismo:

- Emprego de palavras relacionadas à morte:
“... morre...” no primeiro verso;
“Morre...” no segundo verso;
“Morre...” no quinto verso;
“...Morte...” no décimo primeiro verso;
“Morre...” no décimo segundo verso;
- Emprego de palavras relacionadas à claridade:
“...clarividente,” no quinto verso
“...refulgente.” no oitavo verso.

- Emprego de palavras relacionadas à raça negra:
“...negra...” no décimo primeiro verso.

- Emprego de palavras relacionadas  à religiosidade:
“... alma...” no quinto verso.
“... Crença...” no sexto verso.
“... sacrário por sacrário” no nono verso.
“... templo...” no décimo verso. 

- Palavras com letras maiusculas alegorizantes:
Dever, Sentir, Vergel, Crença, Pensamento e Sonho

Interpretação:


O soneto “Assim Seja” conta da morte, do dever cumprido, de morrer sem culpa de que fez algo errado ou de ter perdido uma batalha, do morrer dignamente, do morrer em paz. O soneto trás muito a questão da religiosidade e também do esperitismo.

Um comentário:

  1. Prosopopeia e gradação inadequados.

    Faltou as metáforas. Sinestesia.

    Ampliar características simbolistas.

    ResponderExcluir