Nathiele
Muriel e Tayná Trindade
Turma 305
Turma 305
MUDEZ PERVERSA (Cruz e Souza -
Últimos Sonetos)
Que /mu/dez/ in/fer/nal /teus /lá/bi/os /cerra, (A)
Que /fi/cas /va/go, /pa/ra /mim /o/lhan/do, (B)
Na a/ti/tu/de /da /pe/dra, /con/cen/tran/do (B)
No
en/tan/to, /n’al/ma, /con/vul/sões /de /guer/ra! (A)
A
mim tal fel essa mudez encerra, (A)
Tais demônios revéis a estão forjando (B)
Que antes te visse morto, desabando (B)
Sobre o teu corpo grossas pás de terra. (A)
Tais demônios revéis a estão forjando (B)
Que antes te visse morto, desabando (B)
Sobre o teu corpo grossas pás de terra. (A)
Não
te quisera nesse atroz e sumo (C)
Mutismo horrível que não gera nada, (D)
Que não diz nada, não tem fundo e rumo. (C)
Mutismo horrível que não gera nada, (D)
Que não diz nada, não tem fundo e rumo. (C)
Mutismo
de tal dor desesperada, (D)
Que quando o vou medir com o estranho prumo (C)
Da alma fico com a alma alucinada! (D)
Que quando o vou medir com o estranho prumo (C)
Da alma fico com a alma alucinada! (D)
Vocabulário:
Fel: (substantivo masculino) 1. Humor
muito amargo contido numa vesícula aderente ao glóbulo do fígado. 2. Vesícula
que segrega esse humor. 3. [Figurado]
Amargor; rancor; ódio; mau humor. Plural: feles ou féis.
Revéis: (masculino e
feminino plural de revel – adjetivo 2 grau) ( latim rebellis,
-e) Revel: 1. Que se rebela, rebelde. 2. Pertinaz, rebelão. 3.Que mostra indiferença ou desdém, esquivo. 4.
[Jurídico, Jurisprudência] Diz-se de ou pessoa que, sendo citada para
comparecer em juízo, não cumpre a citação, contumaz. Plural: Revéis.
Atroz:
(adjetivo
– 2 grau) 1. Cruel e desumano. 2.
Que excede quanto é imaginável. 3. Monstruoso.
Sumo:
(adjetivo
– substantivo masculino) (latim summus,
-a, um, o mais alto, último, extremo, o mais importante) 1. Ponto mais alto, cume. 2. Nível mais alto de
algo. 3. Limite máximo. 4. Muito Elevado.
5. Superior a outro ou outros, Excelente. 6. Requinte. 7. Que atingiu o limite máximo, Extremo.
Prumo: (substantivo masculino) 1. Qualquer instrumento
destinado a verificar a verticalidade de um objeto. 2. [Figurado]
Prudência, tino. 3. Agudeza, penetração, perspicácia. A prumo: perpendicularmente.
ANÁLISE DO POEMA MUDEZ PERVERSA
Figuras de Linguagem:
Metáforas:
“Mudez
Infernal”
- O
silêncio que tortura, que gera os piores sentimentos por não trazer nunca a
tona nenhuma revelação da verdade.
“Na
atitude da pedra, concentrando”
- O
ato de se manter imerso, imóvel, quase como algo morto e inanimado, como se
imitasse a “atitude” de uma pedra.
“Tais
demônios revéis a estão forjando”
- As
dores e os traumas que provocam a mudez.
“Mutismo
de tal dor desesperada,
Que
quando o vou medir com o estranho prumo”
- Os
versos são metafóricos, pois falam do mutismo como algo que pode ser medido
objetivamente, com uma ferramenta (prumo).
Metonímia:
“Que mudez infernal teus
lábios cerra,
Que ficas vago, para mim olhando”.
-O
autor utiliza os lábios pelo todo do corpo, como se os lábios cerrados do
indivíduo o encarassem, e não o indivíduo em si, por inteiro.
Personificação:
“Na atitude da pedra,
concentrando”
-Nesse
verso o autor utiliza da personificação pois dá a pedra (um ser inanimado) a
capacidade humana de possuir uma atitude, uma postura.
Paradoxo:
“Na atitude da pedra,
concentrando
No
entanto, n’alma, convulsões de guerra!”
-
Por fora calmaria e silêncio absoluto, e por dentro todos os gritos, barulhos,
dores e confusões possíveis. Por fora nada, por dentro tudo.
Gradação:
“Mutismo horrível que não gera nada,
Que não diz nada, não tem fundo e rumo.”
- Aqui o autor utiliza da
gradação, para chamar a atenção do leitor e enfatizar a infertilidade e o vazio
desse silêncio.
Características Simbolistas:
Religiosidade: Em
mudez perversa há várias referências à religiosidade, como nas citações: “Que
mudez infernal teus lábios cerra”;
“No entanto, n’alma, convulsões de
guerra!”; “Tais demônios revéis a
estão forjando”;
“Da alma fico com a alma alucinada!”. Em que o autor cita a “alma” os “demônios” e o “inferno”, características claramente religiosas e de caráter cristão.
“Da alma fico com a alma alucinada!”. Em que o autor cita a “alma” os “demônios” e o “inferno”, características claramente religiosas e de caráter cristão.
Morte: A
referência à morte é muito vista no poema, como em:
“Que
antes te visse morto, desabando
Sobre o teu corpo grossas pás de terra.”
Onde o autor cita o ritual de enterro dos mortos.
Loucura: Há a
referência clara à loucura no verso:
“Da alma fico com a alma alucinada!”
Noite: Todo
o poema de mudez perversa nos passa uma atmosfera sombria, de trevas, dor e
sofrimento, que está sutilmente ligada à ideia de noite, breu e escuridão.
“Que
mudez infernal teus lábios cerra,”
“No
entanto, n’alma, convulsões de guerra!”
“Tais
demônios revéis a estão forjando”
“Que
antes te visse morto, desabando”
“Sobre o teu corpo grossas pás de terra.”
“Não te quisera nesse atroz e sumo”
“Mutismo horrível que não gera nada”
“Mutismo
de tal dor desesperada”
“Da
alma fico com a alma alucinada!”
Interpretação
Segundo Nathiele Muriel e Tayná Trindade: O título nos leva a pensar em alguém que sofre calado, tendo dentro de si um silêncio perverso. E o poema fala do
tormento que há nesse silêncio, na mudez de quem esconde grandes dores, do enorme
sofrimento sentido por quem carrega tanto desespero em si que termina por
calar-se totalmente e já mais nada expressar. Fala do indivíduo que é
amordaçado pela sua dor de tal forma que seria melhor vê-lo morto, livre de vez
dessa tortura muda capaz de enlouquecer.
OBS: Gostaria de lembrar
a professora Stela e a todos os alunos que tiverem acesso a nossa análise pelo
blog que, a interpretação de um texto lírico nunca será exata, pois estes
retratam sentimentos, coisas figuradas e emocionais que talvez nem os próprios
autores entendam com completa clareza. Podemos então na nossa interpretação,
colocar o que conseguimos absolver do poema de Cruz e Souza, e não sendo
possível explicar exatamente o que queria nos enviar o poeta, explicaremos
então exatamente o que pôde chegar às nossas almas.
Muito Boa análise. Há sinestesia na 2ª estrofe.
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