Jun/to/ da/ Mor/te é/ que/ flo/res/ce a/ Vi/da! (A)
An/da/mos rin/do jun/to à/ se/pul/tu/ra. (B)
À/ bo/ca/ a/ber/ta, es/can/ca/ra/da,/ es/cu/ra/(B)
Da/ co/va é /co/mo/ flor /a/po/dre/ci/da. (A)
A Morte lembra a estranha Margarida (A)
Do nosso corpo, Fausto sem ventura... (B)
Ela anda em torno a toda a criatura (B)
Numa dança macabra indefinida. (A)
Vem revestida em suas negras sedas (C)
E as marteladas lúgubres e tredas (C)
Das ilusões o eterno esquife prega.
(D)
E adeus caminhos vãos, mundos risonhos! (E)
Lá vem a loba que devora os sonhos, (E)
Faminta, absconsa, imponderada, cega! (D)
VOCABULÁRIO
Fausto: É o nome de um personagem de ficção que assinou um pacto com o
diabo, significa feliz e indica uma pessoa amistosa, dócil e afetuosa, que está
quase sempre bem - humorada e se mostra muito sociável, costuma ter muito
sucesso na vida.
Ventura: s.f. Sorte (boa ou má); acaso. Sorte boa; dita. Risco, perigo.
loc. adv. À ventura, ao acaso, à toa, ao sabor da sorte.
Lúgubres: adj. Que exprime ou inspira sombria tristeza; fúnebre: aparência
lúgubre, lúgubres lamentos.
Tredas: adj. Falso, traiçoeiro, traidor.
Esquife: s.m. Caixão fúnebre; ataúde, tumba. Barquinho, batel.
Absconsa: absconsa sf (lat absconsa) 1 Pequena lanterna furta-fogo, usada
antigamente para a leitura dos ofícios noturnos nas igrejas católicas. 2
Estrela que se oculta ao pôr do Sol.
Imponderada: (im+ponderada), Ponderar: s.f. Ato de
ponderar; reflexão; caráter de uma pessoa bem equilibrada, calma. Placidez,
serenidade, tranquilidade.
Fonte: http://www.dicio.com.br/
ANÁLISE DO POEMA
Figuras de linguagem:
Metáfora:
"À boca aberta, escancarada, escura" (3º verso, 1ª estrofe)
Comparação:
"Da cova é como flor apodrecida." (4º verso, 1º estrofe)
(está comparando a cova com a flor apodrecida!)
Prosopopeia:
"Mundos risonhos!" (12º verso, 3º estofe)
(Foi imposta uma caracteristica humana como "risonho" ao termo
"mundos".)
"Ela anda em torno a toda a criatura" (3º verso, 2ª estrofe)
(O "ela" aqui é referência a morte, e ela não anda, senão os
"seres-humanos")
"Numa dança macabra indefinida." (4º verso, 2ª estrofe)
(A dança é ação humana, e a morte não dança)
Antonomásia:
"Lá vem a loba que devora os sonhos" (2º verso, 4ª estrofe)
(A loba aqui é a morte, e não o animal em si)
Aliteração:
"À boca aberta, escancarada, escura" (3º verso, 1ª estrofe)
Antítese:
"Junto da Morte é que floresce a Vida!" (1º verso, 1º estrofe)
(Faz relação a dois pensamentos contrários no caso morte e vida)
Ironia:
"Andamos rindo junto à sepultura." (2º verso, 1º estrofe)
(Ninguém ri diante da morte, ou de uma desgraça)
Sinestesia:
"À boca aberta, escancarada, escura"
(Cruzamento de sentidos, nesse caso, nessa caso palar (boca) e visão
(escura)
Assonância /
Aliteração
Junto da Morte é que
floresce a Vida!
Andamos rindo junto à
sepultura.
À boca aberta,
escancarada, escura
Da cova é como flor
apodrecida.
A Morte lembra a
estranha Margarida
Do nosso
corpo, Fausto sem ventura...
Ela anda em torno a
toda a criatura
Numa dança macabra
indefinida.
Vem revestida em suas
negras sedas
E as
marteladas lúgubres e tredas
Das ilusões o
eterno esquife prega.
E adeus caminhos vãos,
mundos risonhos!
Lá vem a loba que
devora os sonhos,
Faminta, absconsa, imponderada,
cega!
CARACTERÍSTICAS SIMBOLISTAS
Morte: podemos dizer que praticamente a cada verso do poema há uma
característica simbolista abordando o tema "morte", pois o mesmo em
si expõe tal tema, então resolvemos aqui não esmiuçar verso por verso
dessa obra.
Maiúsculas alegorizantes: Morte, Vida (1º verso; 1ª
estrofe), Margarida (1º verso; 2ª estrofe). Causam destaque nas palavras
descritas, fazendo o leitor dar uma importância maior a elas, mesmo que inconscientemente.
INTERPRETAÇÃO
A obra "Ironia de Lágrimas" (Cruz e Sousa -
Últimos Sonetos) em si aborda o tema "morte", expressando com certo
tom de ironia e "beleza" esse momento tão macabro.enfrentado por
todos nós, independentemente de cor, crença ou posição, fazendo-nos refletir
sobre a tal, pois a mesma é tida como o ponto final da vida... Ou pelo menos
dessa...
Diante da morte que diremos pois? Na realidade vemos que
não passamos de "pó" e que todas as nossas conquistas materiais ao
fim não valerão de nada, pois que levaremos se nus viemos? Na realidade a vida
está a um fôlego de distância, quem nos garante que a "loba que devora os
sonhos" não nos pode chegar agora? Cuidado! Você pode ser a sua próxima
presa...
Alunas: Adriana Menezes Fernandes & Mª Eduarda
Nasc. da Costa
Turma: 306
Há sinestesia na primeira estrofe. Marque ou explique as figuras de linguagem. Faltou assonância.
ResponderExcluirHá mais metáforas.
qual e a forma desse poema
ResponderExcluirMuito obrigado, o poema ficou bem esclarecido depois dessa interpretação. Abraço.
ResponderExcluirParabéns pela interpretação do poema, assim fica leve para uma maior compreensão.
ResponderExcluir