sexta-feira, 28 de junho de 2013

IRONIA DE LÁGRIMAS - (Cruz e Sousa – Últimos Sonetos)

Jun/to/ da/ Mor/te é/ que/ flo/res/ce a/ Vi/da! (A)
An/da/mos rin/do jun/to à/ se/pul/tu/ra. (B)
À/ bo/ca/ a/ber/ta, es/can/ca/ra/da,/ es/cu/ra/(B)
Da/ co/va é /co/mo/ flor /a/po/dre/ci/da. (A)

A Morte lembra a estranha Margarida (A)
Do nosso corpo, Fausto sem ventura... (B)
Ela anda em torno a toda a criatura (B)
Numa dança macabra indefinida. (A)

Vem revestida em suas negras sedas (C)
E as marteladas lúgubres e tredas (C)
Das ilusões o eterno esquife prega. (D)

E adeus caminhos vãos, mundos risonhos! (E)
Lá vem a loba que devora os sonhos, (E)
Faminta, absconsaimponderada, cega! (D) 

VOCABULÁRIO 
Fausto: É o nome de um personagem de ficção que assinou um pacto com o diabo, significa feliz e indica uma pessoa amistosa, dócil e afetuosa, que está quase sempre bem - humorada e se mostra muito sociável, costuma ter muito sucesso na vida.

Ventura: s.f. Sorte (boa ou má); acaso. Sorte boa; dita. Risco, perigo. loc. adv. À ventura, ao acaso, à toa, ao sabor da sorte.

Lúgubres: adj. Que exprime ou inspira sombria tristeza; fúnebre: aparência lúgubre, lúgubres lamentos.

Tredas: adj. Falso, traiçoeiro, traidor.

Esquife: s.m. Caixão fúnebre; ataúde, tumba. Barquinho, batel.

Absconsa: absconsa sf (lat absconsa) 1 Pequena lanterna furta-fogo, usada antigamente para a leitura dos ofícios noturnos nas igrejas católicas. 2 Estrela que se oculta ao pôr do Sol.

Imponderada: (im+ponderada), Ponderar: s.f. Ato de ponderar; reflexão; caráter de uma pessoa bem equilibrada, calma. Placidez, serenidade, tranquilidade.

Fonte: http://www.dicio.com.br/

ANÁLISE DO POEMA
Figuras de linguagem:

Metáfora:
"À boca aberta, escancarada, escura" (3º verso, 1ª estrofe)

Comparação:
"Da cova é como flor apodrecida." (4º verso, 1º estrofe)
(está comparando a cova com a flor apodrecida!)

Prosopopeia:
"Mundos risonhos!" (12º verso, 3º estofe)
(Foi imposta uma caracteristica humana como "risonho" ao termo "mundos".)
"Ela anda em torno a toda a criatura" (3º verso, 2ª estrofe)
(O "ela" aqui é referência a morte, e ela não anda, senão os "seres-humanos")
"Numa dança macabra indefinida." (4º verso, 2ª estrofe)
(A dança é ação humana, e a morte não dança)

Antonomásia:
"Lá vem a loba que devora os sonhos" (2º verso, 4ª estrofe)
(A loba aqui é a morte, e não o animal em si)

Aliteração:
"À boca aberta, escancarada, escura" (3º verso, 1ª estrofe)

Antítese:
"Junto da Morte é que floresce a Vida!" (1º verso, 1º estrofe)
(Faz relação a dois pensamentos contrários no caso morte e vida)

Ironia:
"Andamos rindo junto à sepultura." (2º verso, 1º estrofe)
(Ninguém ri diante da morte, ou de uma desgraça)
Sinestesia:
"À boca aberta, escancarada, escura"
(Cruzamento de sentidos, nesse caso, nessa caso palar (boca) e visão (escura)

Assonância / Aliteração

Junto da Morte é que floresce a Vida!
Andamos rindo junto à sepultura.
À boca aberta, escancarada, escura
Da cova é como flor apodrecida.

A Morte lembra a estranha Margarida
Do nosso corpo, Fausto sem ventura...
Ela anda em torno a toda a criatura
Numa dança macabra indefinida.

Vem revestida em suas negras sedas
E as marteladas lúgubres e tredas
Das ilusões o eterno esquife prega.

E adeus caminhos vãos, mundos risonhos!
Lá vem a loba que devora os sonhos,

Faminta, absconsa, imponderada, cega!


CARACTERÍSTICAS SIMBOLISTAS
Morte: podemos dizer que praticamente a cada verso do poema há uma característica simbolista abordando o tema "morte", pois o mesmo em si expõe tal tema, então resolvemos aqui não esmiuçar verso por verso dessa obra.

Maiúsculas alegorizantes: Morte, Vida (1º verso; 1ª estrofe), Margarida (1º verso; 2ª estrofe). Causam destaque nas palavras descritas, fazendo o leitor dar uma importância maior a elas, mesmo que inconscientemente.

INTERPRETAÇÃO 
    A obra "Ironia de Lágrimas" (Cruz e Sousa - Últimos Sonetos) em si aborda o tema "morte", expressando com certo tom de ironia e "beleza" esse momento tão macabro.enfrentado por todos nós, independentemente de cor, crença ou posição, fazendo-nos refletir sobre a tal, pois a mesma é tida como o ponto final da vida... Ou pelo menos dessa...
   Diante da morte que diremos pois? Na realidade vemos que não passamos de "pó" e que todas as nossas conquistas materiais ao fim não valerão de nada, pois que levaremos se nus viemos? Na realidade a vida está a um fôlego de distância, quem nos garante que a "loba que devora os sonhos" não nos pode chegar agora? Cuidado! Você pode ser a sua próxima presa...

Alunas: Adriana Menezes Fernandes & Mª Eduarda Nasc. da Costa 
Turma: 306

4 comentários:

  1. Há sinestesia na primeira estrofe. Marque ou explique as figuras de linguagem. Faltou assonância.

    Há mais metáforas.

    ResponderExcluir
  2. Muito obrigado, o poema ficou bem esclarecido depois dessa interpretação. Abraço.

    ResponderExcluir
  3. Parabéns pela interpretação do poema, assim fica leve para uma maior compreensão.

    ResponderExcluir